sexta-feira, 25 de junho de 2010

BIG FOUR - Por Danilo Martins

     Improvável leitor, quem diria que depois de alguns anos eu estaria, mais uma vez, escrevendo para um blog. O pedido foi especial por vários motivos e por isso impossível de ser recusado. Ivson, o dono do blog, meu amigo, meu irmão, de música e da vida me convidou e eu aceitei! Aproveitei o tempo livre do trabalho (procrastinação hehehe) e dei-lhe a escrever.

     O cerne da questão é simples, o Big Four, os quatro grandes do Thrash-metal – Metallica, Slayer, Megadeth e Anthrax –, reunidos depois de quase 30 anos de metal numa turnê pela Europa. Para o Brasil, só nos restariam migalhas normalmente... eu disse normalmente.




     O que aconteceu em seguida já era inimaginável hoje, que dirá nos anos 80 quando todas esses grupos começaram. Além das dimensões gigantescas do próprio festival em si, o Sonisphere, deu a bocada boa de transmitir este cármico show “ao vivo”. Coloco ao vivo entre aspas pela simples razão de que esta transmissão não ocorreu tal qual aquelas de futebol que estamos acostumados. O que rolou foi uma filmagem e edição com transmissão para algumas horas depois para vários cinemas do mundo, incluindo mais tarde o Brasil, e mais ainda o Rio tão carente de bons show de metal.

  Assim que tive a notícia que estas terras ensolaradas seriam agraciadas com essa dádiva divina do Metal, comemorei efusivamente, enviei e-mails, convoquei as pessoas pelo twitter (@danilomsf), mas em seguida veio a bomba, o Cinemark que receberia a transmissão amarelou e nos deixou na mão, foi frustrante, mas dias depois alguém salvou a lavoura, o Rio voltou ao circuito graças ao Cine Odeon BR. Talvez o minúsculo público de Metal carioca tenha ajudado pra essa decisão, não sei, não me cabe e nem me interessa saber, só comemorei e espalhei a notícia como pude, e eis que chegou o dia, depois de umas bebericadas com os amigos no bar ao lado, adentrei o Odeon e deparei com cinema a moda antiga, um grande salão com mezzanino, cadeiras largas e confortáveis. Ao me acomodar notei que a transmissão já começara, Dave Mustaine (mentor/vocal/guitarra do Megadeth), Scott Ian (mentor/guitarra/vocal) do Anthrax e Lars Urich (Mentor/batera do Metallica) já falavam de suas impressões a respeito da reunião histórica.

     Pouco tempo depois sobre ao palco a primeira atração, o Anthrax. Não sei quanto a vocês mas achei justa a ordem em que as bandas entraram, parecida montada seguindo importância de cada banda. O Anthrax veio com todo gás contando com seu vocalista que não é o original, mas poder ser considerado o mais marcante, Joey Belladonna. O cara apareceu muito bem, mas é claro e nítido, a idade chegou para todos, mas talvez menos para o Anthrax, eles foram entusiasmados e ainda deram espaço para uma pequena homenagem ao Dio no meio do set list enfatizado no período mais clássico da banda.

     Depois veio o Megadeth, praticamente a banda de um homem só, Dave Mustaine empunhou sua guitarra com a mesma técnica apurado que o consagrou, acompanhado pelo seu fiel escudeiro David Ellefson, o baixista recém acolhido pelo seu mentor após uns anos de brigas judiciais. Thrash em seu estado puro, seria uma perfeição se os vocais de Mustaine não fossem tão ruins ao vivo e então, pra saciar os demônios das trevas entra o Slayer com toda a sua magnitude. Confesso que o início foi fraco, começaram com a primeira de “World Painted Blood” seu decepcionante último disco, mas em seguida despejaram os clássicos que alegram os fãs do estilo. A banda estava ótima a não ser pelo fato de Tom Araya estar visivelmente abatido pelos recentes problemas de saúde que o impedem de bater a cabeça. Cara, você sabe o que é isso? Ver Araya meio estático, paradão, com dificuldade para se mexer? Fiquei um pouco triste, mas é o que eu digo, a idade é foda e chega para todos, inclusive para os discípulos de Satã. HAHAHAHA

     Como não poderia deixar de ser, o grande headliner da noite, o Metallica, repete seu show já consagrado pelo mundo todo e já documentado em alguns DVD´s. Clássico após clássico, dando espaço para algum material novo e usando se seu apelo mais pop, a maior banda de metal de todos os tempos faz jus a esse título com justiça. No cover do Diamond Head “Am I Evil” convidam os membros das outras bandas para homérica Jam session. Emocionante ver Dave Mustaine ao lado de Hetfield depois de anos de rusgas após sua expulsão do Metallica ainda nos anos 80.

     Mesmo estando fora da pequena bagunça que foi essa episódio, exceto pelo baterista Dave Lombardo que participou desde o início, Jeff Hanneman e Tom Araya se juntam para a foto de todo o pessoal reunido, senti falta de Kerry King, não o vi, mas posso estar enganado ou sei lá por que, ele não participou da Jam. 


   
Após as bandas deixarem o palco o Metallica voltou ao seu set list para mais tarde encerrar o show com a clássica “Seek and Destroy”, claro como não poderia deixar de ser. Certamente que nenhuma banda fugiu ao convencional e deu ao público o que ele queria ver, as bandas seminais tocando seus clássicos. Será que era preciso mais alguma coisa?

Saí do cinema de alma lavada, mesmo estando há uma porrada de quilômetros de distância, mesmo sabendo que este “ao vivo” não era tão ao vivo assim, tive pra mim que participei sim do que foi aquele evento e disso me orgulho muito. Por que aquelas pessoas que subiram no palco naquela noite, na Bulgária, são meus grandes heróis, símbolos inspiradores de um estilo de vida, a prova de que vc pode sim fazer o que quer da vida e claro, arcar algumas de suas conseqüências que certamente virão. Vendo tudo isso tive ainda mais certeza da longevidade, fidelidade e respeito que só o Metal poderia proporcionar.

Agora claro, eu não poderia deixar de alfinetar, depois da alegria que tive, me veio uma dúvida na cabeça, como seria uma reunião dos 4 grandes do “fânqui” carioca – É, escrevo “fânqui” por que não tenho o menor respeito por essa coisa que algumas pessoas chamam de música e, pra mim, funk é outra coisa –, como seria os 4 grandes do Pagode-pop-romântico? Como seria os 4 grandes COLORIDOS?  Como seria os 4 grandes do EMO? Perguntas fáceis de responder, não seria. Eles não têm competência pra isso.

1 comentários:

Luco disse...

FATO!

não tem big four do pagode, do axé nem porra nenhuma. esses gêneros são fábricas de hits - enquanto q o metal é um altar de virtuosismo.

e por "virtuosismo" leia-se "sentar o rabo e trabalhar muito até atingir a excelência".

toma essa, netinho!

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